Que raio de histórias ouviu a geração do meio?
Quando era pequenina, ouvia o conto da Carochinha e do tão ansiado casamento. Se a memória não me falha, era algo deste género:
-Quem quer, quem quer, casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?
-Quero eu!
-E quem és tu? – perguntou a Carochinha.
-Eu sou o boi.
-E sabes cantar para me alegrar?
-Sei e muito bem: muh, muh, muh!
-Cantas muito mal! Contigo é que eu não me vou casar!
E seguiram-se uma série de pretendentes até chegar o João Ratão.
O meu pimpolho não conhece ainda a história da Carochinha, mas já lhe contei uma série de vezes o conto do "Cuquedo e um amor que mete medo", que é algo semelhante ao da Carochinha mas desta vez com um bichinho chamado Cuquedo.
-Quem quer, quem quer, casar com o Cuquedo que se esconde no arvoredo e prega sustos que metem medo?
Apareceu uma gru a gritar: -Quero eu, quero eu!
-E tu sabes assustar? – perguntou o Cuquedo.
-Claro que sim.
-Então assusta lá! - disse o Cuquedo.
A gru abriu as suas longas asas e grulhou: Gru gru gru.
-Não, não, não... Tu não sabes assustar, não serves para casar!
E seguem-se novamente uma série de pretendentes até aparecer a assustadora Cuqueda.
Agora pergunto eu... que raio de história ou conto popular ouviu a geração que me separa do meu filho?
Deve ter sido algo do género:
-Quem quer, quem quer, casar com o agricultor que mexe estrume noite e dia e tem uma vacaria?
-Quero eu!
-E quem és tu? – perguntou o agricultor.
-Eu sou a tua lady.
-E diz-me lá, tu sabes de onde vêm as alfaces?
-Sei e muito bem: do Lidl!
-Não, não, não... até tens um cú jeitoso mas contigo é que eu não me vou casar!
Ou então algo assim:
-Quem quer, quem quer, casar com o meu filho que faz a depilação a laser e penteia o cabelo fio a fio?
-Quero eu!
-E quem és tu? – perguntou a pretendente a sogra.
-Eu sou a babe para o seu filhote.
-E diz-me lá, tu sabes fazer uma feijoada à moda aqui da Maria Isabel?
-Sei e muito bem: vi todos os programas do Ljubomir Stanisic e os Masterchef edição Espanha e Austrália!
-Não, não, não... tu até és espertinha mas não há feijoada como a da mamazinha!