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A galinha da vizinha

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08
Mai19

Teatro Sá da Galinha apresenta...

O meu filho tem uma imaginação daquelas mesmo dramáticas. Conseguia fazer um argumento para um filme classificado como super-drama assim em três tempos. E também podia ser o protagonista, porque ao contar a história faz estalinhos com a língua, encolhe os ombros, torce os lábios, franze o cenho, faz o beiço... Enfim, toda uma peça de teatro!

teatro.JPG

 

O pequeno tem ficado desconsolado todas as manhãs no infantário. Começa a fazer beicinho mal vê a entrada do infantário e chora que se mata ao chegar ao salão onde são acolhidos os filhos dos madrugadores como eu que têm que chegar ao trabalho às 8h. Felizmente nesse bocadinho ficam os dois juntos no mesmo espaço, até que cada auxiliar os leva mais tarde para as respetivas salas. Então deixo sempre o recado ao mano mais velho para ficar um pouco ao pé do irmão e tentar brincar com ele até ele se acalmar.

 

Ontem lembrei-me de perguntar ao mais velho como estava a correr o processo. 

- O mano chora muito depois da mamã ir embora?

Depois de franzir o cenho e de um chiscar de língua diz-me: - Sim

- E tu ficas com ele um bocadinho?

- Sim, mas depois vou brincar.

- E a X (auxiliar mega fofinha que fica com eles) depois cuida do mano?

- Sim. 

Entretanto vira a expressão para susto/acontecimento muito importante e diz-me:

- Mas o mano trilhou o dedo na cancela.

 

A cancela é uma barreira que existe na porta do salão para poderem ter a porta aberta e os meninos não fugirem. Eu já estava pronta a levantar-me para ir ver a mão do pequeno, se tinha alguma marca, já a começar a imaginar a gritaria e o desconsolo dele depois do acidente. Lembrei-me antes de perguntar:

 

- E alguém ajudou o mano depois dele se magoar, filho?

- Sim.

- Quem foi?

- Os bombeiros, a policia... (no meio disto um encolher de ombros e cara de pesar).

 

Aprendizagem: Para a próxima tenho que aguardar um pouco mais pelo fim da história antes do coração começar a bater muito depressa.

 

E sobre a conversa que ontem aqui contei, hoje o rapaz continuava muito preocupado com o meu descanso. Ao chegar à escola, perguntou-me novamente se no meu trabalho eu não tinha cama e se dormia de pé. Deve estar com medo que o meu chefe me encontre a dormir à frente do pc!

pc.JPG

 

 

 

07
Mai19

Esta vida de adulto, está a dar cabo de mim! Tralaralaralaralaralaralari..

O mais velho anda a descobrir o poder da conversação, da interrogação, da negociação.. Que é como quem diz, anda a descobrir o poder de se deitar na cama e ter vinte mil temas para conversar antes de dormir, ou interromper duzentas vezes a história que estou a ler porque quer contar alguma peripécia, ou perguntar por que a tudo, ou responder não a quase tudo, ou tentar ser engraçadinho e responder torto aos pais.

 

Tenho que confessar que acho imensa piada este modo de dialogo novo para mim, este desenvolver do discurso, aquelas palavras e expressões mais rebuscadas, o inventar de histórias. Mas às vezes é difícil acompanhar e dar resposta a tudo. Ultimamente tenho tido muita dificuldade em responder a questões relacionadas com a vida de adulto, nomeadamente a vida de trabalhador. Ora tentem lá explicar-me como é que se reage a estes cenários.

 

Cenário 1:

De noite, na casa de banho, a preparar-nos para ir dormir.

O mano mais velho vira-se para mim e pergunta, como de costume, se no dia seguinte é dia de trabalho e escolinha.

- Sim filho, amanhã é dia de trabalho e de escolinha.

- Mamã, por que é a há tantos dias de trabalho e de escolinha? São muitos!

 

Cenário 2:

De manhã, de carro, a ir para a escola. O mais novo abre a boca a bocejar e digo eu:

- Vês, o mano está cheio de sono. Vocês acordaram muito cedo e agora estão cansados e cheios de sono.

- E tu estás cansada?

- Sim filho, estou muito cansada também. Vocês depois vão dormir a sesta na escolinha mas a mamã vai trabalhar e não pode dormir a sesta.

- Não tens caminha no trabalho, mamã?

- Não filho, não há camas.

- Dormes de pé, mamã?

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03
Mai19

Sim, ainda aqui andamos..

Tem havido peripécias, têm sido dias preenchidos e lembro-me de cá vir escrever e contar muita coisa que me vai passando pela cabeça e que vai acontecendo. Mas o cansaço tem sido taaaaanto, senhores. Não sei que raio se passa aqui com a je mas falta-me tempo, inspiração, energia..

 

Mas hoje o sol espreitou com força e isso deu-me algum alento extra, apesar da noite filha da putice que tive com o mais novo... Mas posto isto, vamos lá ver se recuperamos o tempo perdido.

 

O miúdo mais velho fez anos, estive de férias para preparar a festa, ir às compras, separar as roupas de inverno e de verão, ficar com eles em casa (com os dois e com chuva lá fora!) enquanto evitava o colapso do apartamento onde moramos, dormir uma soneca num dia em que os levei ao infantário..

 

Eu, mãe desnaturada, me confesso. Ressonei e não fiz um peido nesse dia, que também dizem que faz parte da maternidade... Há uns anos atrás chorava a rir se alguém me propusesse tirar férias e ficar in situ, sem avião para apanhar ou escapada para fazer. Hoje choro só de imaginar um dia de férias com a cama à minha espera.

 

O miúdo mais novo vai fazer anos. Vai levar com os restos do aniversário que passou e com os convidados cheios de vontade de repetir dose, do tipo "estou a ter um deja vú ou já vivi esta cena com as mesmas pessoas há uns dias atrás?". Como os meus colegas dizem, agora só faltava o terceiro que por aí viesse fazer anos no meio destas duas datas! Só que não, não vai haver terceiro.

 

Entretanto o cansaço foi e veio, e voltou a vir, e as maleitas roubaram-me mais umas horas de sono, mas pronto. Tirando isso, já passou a Páscoa, já falimos com tanta prenda e tanto aniversário, já sobrevivemos ao açúcar extra das festas e dos restos das festas e dos restos dos restos das festas. Vamos vivendo com umas birras de manhã, outras de tarde, outras de noite. Vamos lidando com feitios daqueles potentes que nos deixam prontinhos a hibernar até à primavera do ano que vem. Vamos aprendendo e vamos descobrindo, e agora vamos mas é aproveitar o fim de semana de sol que estes miúdos precisam de vitamina D e de gastar muita energia para dormir umas belas sestas, que os papás também querem aproveitar esses bocadinhos para aterrar no além.

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